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Luiz Preto e o heroísmo no tempo das parteiras

Tive hoje a satisfação de conversar com Luiz Valentin de Oliveira, morador antigo do Sítio Olho D’água. De quebra, encontramos em sua residência o escritor Gilberto Freire de Melo, um conhecedor da história do Vale do Açu. Sobre ele falemos no post abaixo; primeiro arrazoemos sobre Luiz Preto, como é mais conhecido o “transportador de parteiras”. Ele conta que não foram poucas as noites escuras que ele teve de vencer o caudaloso rio Açu de barreira a barreira para atravessar nas costas a benditas parteiras, quando ainda não havia médicos na região. Com braços fortes adestrado pelo trabalho pesado, ele socorreu muitas mulheres que estavam para “ganhar menino”.

Depois de décadas ele ainda é capaz de lembrar os nomes das parteiras: Maria Penha, Zefa Grande, Chica Filiberta, Joana Bernarda, Bilisara de Luiz Ruil, Balbina, Zulmira Pereira, Monacila, Comadre Ana de Zé de Zumba... E outras mais que lhe falta à memória. Todas falecidas, mas a sua época sempre solícitas, não importava à hora. Difícil era quando o parto acontecia durante as cheias. Um desses atos de heroísmo de Seu Luiz está registrada no livro “Santa Luzia de meu tempo”, de Gilberto Freire. É bom que se diga que esse trabalho era totalmente voluntário, não cobrava um tostão.

Para criar sua prole o patriarca se desdobrava no trabalho agrícola durante o inverno e nas salinas de Macau ou Areia Branca em época de seca. Dedicou-se a criação de gado, atividade que lhe gera renda até hoje com a venda de carne e leite. Seus filhos – oito homens e sete mulheres – são bem sucedidos fazendo e bem casados vão multiplicando o número de descendentes. “Hoje os meninos nascem com tudo preparado com assistentes e médicos... as mulheres não sabem mais o que é sofrimento”, diz Seu Luiz, lembrando que antigamente as parteiras só traziam uma "trouxinha" na cabeça para dá assistência. Aos 83 anos, Luiz Preto vive feliz ao lado da esposa, Dona Maria Helena Borja.

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