Com
o objetivo de revitalizar a cajucultura no município de Serra do Mel, é que o
Comitê de Revitalização da Cajucultura, formado por uma parceria entre a
Prefeitura Municipal de Serra do Mel, Sebrae-RN, de Assistência Técnica e
Extensão Rural [EMATER], Empresa de Pesquisa Agropecuária [EMPARN], RN
Sustentável, Coopercaju e Federação das Associações das Vilas de Serra do Mel
[FAVIMEL], vem trabalhando estudos e ações para salvar produção e a vida dos
produtores.
Na
última sexta-feira, 28, o comitê realizou seminário com produtores para
apresentar o diagnóstico feito em 26 vilas, onde constatou que metade do pomar
já se encontra dizimado, tanto pela idade dos cajueiros quanto pela estiagem
prolongada dos últimos quatro anos.
Os
dados que foram colhidos em 479 lotes por técnicos da Emater, totalizando pouco
mais de 23 mil hectares, apontam a mortalidade de 45% do pomar, conforme as
entrevistas com mais de 1.900 pessoas.
De
acordo com o engenheiro agrônomo Carlos Eduardo, do escritório local da Emater,
os produtores da zona norte do município de Serra do Mel foram os que mais
sofreram perdas devido à estiagem.
PRODUÇÃO
DE LENHA
O
que se constata atualmente, ressaltou Carlos Eduardo, é que a maioria dos lotes
estão produzindo apenas lenha. “Infelizmente a realidade é que ao invés da
produção do caju, hoje, a principal atividade tem sido a produção de lenha. Ou
seja, a retirada de lenha e sua comercialização”, observou.
PRAGAS
A
mosca branca e fungos são as principais pragas que precisam ser combatidas,
tendo em vista que também são as maiores causadas da perda da produção. “A
mosca branca pode ser combatida com inseticidas com pulverização através desses
pulverizadores de costa. Não há necessidade de se utilizar outro meio, como por
exemplo, à pulverização com aviões”, observou o engenheiro Carlos Eduardo.
A
REVITALIZAÇÃO
Ficou
definido que a primeira etapa do projeto de revitalização acontecerá em 320
lotes dos 1.196 existentes, o que foi levado em consideração a maior perda de
cajueiro, que é um dos critérios adotados.
Além
disso, participar do Programa Nacional do Fortalecimento da Agricultura
Familiar [PRONAF], participar da chamada pública, ter compromisso com área de
reserva legal e desenvolver alguma atividade de empreendedorismo. Os
demais lotes, conforme ficou acertado, vão sendo trabalhados posteriormente e
por polos.
“O
que definimos hoje foram as responsabilidades entre os parceiros. O Sebrae, por
exemplo, é um dos parceiros desse projeto empenhado pela revitalização e o
fortalecimento da cadeia produtiva da cajucultura”, ressaltou João Hélio
Cavalcanti Junior, diretor técnico do Sebrae.
ASSOCIAÇÕES
A
Coopercaju, também envolvida no projeto de revitalização, conta atualmente com
103 associados, sendo que desse total, apenas 10 estão produzindo, porém, a
quantidade não é superior a 500kg de amêndoa por mês. “Já chegamos a produzir
15 toneladas por mês”, lembrou João Duarte Silva, presidente da Coopercaju.
João
Duarte espera que as novas tecnologias possam trazer de volta o cultivo para
melhorar a produção, tendo em vista que a economia do município de Serra do Mel
depende do cajueiro. “Precisamos de ações, de parcerias, de soluções que sejam
para ontem”, enfatiza o presidente.
PREFEITURA
Participando
do seminário, o prefeito municipal, Fábio Bezerra repassou par ao secretário
municipal de Agricultura e Pecuária, Braz Lino, o papel de informar as ações e
a responsabilidade que o município tem e terá como principal interessado em
revitalizar a cajucultura.
Para
o secretário, as ações já começaram a acontecer, o maior exemplo, é quando os
produtores conseguem despertar as autoridades. “Aqui estão quem realmente pode
e tem o dever e a obrigação de revitalizar a cajucultura. E não a cajucultura,
mas também outras atividades como a apicultura, melancia, batata, enfim, os
produtores estão desejosos por ações rápidas e eficientes”, ressaltou Braz
Lino.
O
secretário também enfatizou a importância do município como parceiro,
observando que sozinho, seja o produtor, o município, Estado ou órgãos, vai
conseguir apoio. “Por isso que nasceu esse comitê e juntou essa força através
de parceiros. Agora é deixar de lado o individualismo, a cor partidária e olhar
para o município como um todo, para o cidadão, para as famílias e para o bem
comum”, asseverou o secretário municipal de Agricultura e Pecuária.
QUESTIONAMENTOS
O
vereador Euzébio Maia dos Santos Júnior “Juninho Maia”, após ouvir os
representantes do Governo do Estado, Emater, Sebrae, entre outros, resolveu
falar e deixar algumas interrogações.
O
vereador quer saber quais são as ações concretas que os governos e órgãos vão
tomar. “Aqui de um lado estão quem realmente pode fazer alguma coisa. E aqui do
outro lado estão os produtores, que esperam pelas ações”, disse Juninho Maia.
Ele
ainda pontuou a questão de todos os órgãos e governos serem conhecedores da
realidade do problema da cajucultura, seja devido à falta de mudas, da mosca
branca e outros fungos, mas que até o momento não tem agido com eficácia,
ficando apenas o discurso. “Precisamos de ação, de discurso não”, asseverou
Juninho.