Todos
sabem a importância de Paulo Freire para educação, mas ainda poucos conhecem
sua experiência na cidade de Angicos.
Angicos
é uma cidade pequena do Rio Grande do Norte, na qual Paulo Freire implementou
um projeto de alfabetização para 380 trabalhadores, que ficou conhecido como
“Quarenta horas de Angicos”.
Paulo
Freire foi convidado para este trabalho em 1962 e em 24 de janeiro de 1963,
houve a primeira aula regular do projeto. Em 2 de Abril, houve a quadragésima
hora de aula dada, com a presença do presidente da República João Goulart.
Para
Freire, primeiro vem a leitura do mundo e depois a formação das palavras. O
diálogo é parte essencial do processo educativo, e não a aula discursiva. A
educação é vista como uma forma de desocultar a ideologia dominante.
Em
maio de 1963, houve a primeira greve em Angicos. Os fazendeiros chamavam a
experiência de Paulo Freire de “praga comunista.” A experiência de Angicos foi
levada para outras cidades como “projeto-piloto” do Programa Nacional de
Alfabetização que seria iniciado em 1964.
Este
exitoso projeto foi interrompido pelos carrascos do Golpe Militar de 1964.
Freire partiu para o exílio no Chile no mesmo ano. Em Angicos, com medo, muitos
educandos e educadores queimaram e enterraram seus cadernos.
A
experiência foi encerrada. Algumas pessoas que participaram dela também foram
presas durante a Ditadura Militar.
Antes
de partir para o exílio Paulo Freire foi preso e passou 70 dias na cadeia,
acusado de “comunista e subversivo”. Na prisão, um dos oficiais responsáveis
pelo quartel solicitou a Paulo Freire para alfabetizar alguns recrutas e ele
explicou que estava preso por alfabetizar.
Angicos
nos lembra que ainda em 2013 o analfabetismo não foi erradicado em nossa nação. Aos
que defendiam a ditadura e aos que a defendem até hoje, o importante é que os
trabalhadores permaneçam de olhos vendados.
Carolina
de Mendonça, São Paulo
Em tempo: "Não é
possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com
adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o
sonho, inviabilizando o amor. Se a educação sozinha não transformar a
sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda." Paulo Freire.