Um artigo de opinião num dos poucos meios digitais que ainda sobrevive no asfixiante ambiente para a imprensa em Caracas, resume assim o clima para esta sexta-feira (10), o dia da posse de Nicolás Maduro: “Algo acontecerá na Venezuela. Ou pode ser que não aconteça muita coisa.”
Parece irônico, mas não é. Demonstrações de apoio militar dadas pelo regime e, por outro lado, afirmações da oposição de que enviará o exilado Edmundo González para ser empossado criaram um ambiente de grande expectativa de que muito, ou nada, pode acontecer.
Não há pistas de como González faria para entrar em um país com altos controles de segurança e que tem afirmado, repetidamente, que o prenderá. Ele está hoje na República Dominicana, de onde afirma que partirá junto com outros ex-presidentes da região rumo à Venezuela.
A cerimônia ocorrerá ao meio-dia (13h horário de Brasília).
LINHA DO TEMPO DAS ELEIÇÕES NA VENEZUELA
Outubro de 2023
Ditadura e oposição assinam Acordo de Barbados se comprometendo a realizar eleições competitivas e com monitoramento internacional
Janeiro de 2024
O Supremo do país valida a inabilitação da principal líder opositora María Corina Machado, que no ano anterior havia ganhado as primárias da oposição para representar o setor nas eleições
Março de 2024
Com muito atraso, órgão eleitoral do país anuncia eleições para 28 de julho; dias depois, a oposição denuncia ter sido impedida de registrar a candidata Corina Yoris, que concorreria no lugar de María Corina
Abril de 2024
Edmundo González é anunciado como candidato da oposição
Maio de 2024
Regime cancela o convite para que observadores da União Europeia; única organização de peso restante para monitoramento é o Centro Carter, dos EUA
Julho de 2024
País vai às urnas no dia 28; órgão eleitoral não divulga atas da votação, algo de praxe, e diz que Maduro venceu com 52% dos votos; oposição recolhe atas com testemunhas de mesa e diz que González foi o vencedor, com mais de 60%; Centro Carter diz que eleição não foi livre
Agosto de 2024
Como esperado, o Tribunal Supremo de Justiça, a máxima corte do país, chancela a contestada reeleição do ditador; Brasil, Colômbia e México iniciam tratativas para tentar promover diálogo entre oposição e regime, mas os planos fracassam
Setembro de 2024
Edmundo González se exila em Madri, e María Corina Machado passa a estar clandestina
Janeiro de 2025
González sai da Europa e inicia um giro pelas Américas que inclui, nesta ordem, Argentina, Uruguai, EUA, Panamá e República Dominicana; ele e Maduro prometem tomar posse hoje.
Nenhum comentário:
Postar um comentário