Opinião de Bruno Barreto
O ano eleitoral de 2024 não começou, mas a eleição em
Mossoró já se destaca por sua histórica ausência do protagonismo da família
Rosado. Por 72 anos, os Rosados dominaram a política em Mossoró, iniciando em
1948 com Dix-sept, que saiu do Palácio da Resistência para se tornar governador
do estado após vencer as eleições de 1950, mas sua gestão foi interrompida
tragicamente por um acidente aéreo.
A dinastia Rosado continuou com Vingt, que foi prefeito e
posteriormente deputado federal sete vezes, e mais tarde com Dix-huit, que além
de senador, governou Mossoró por três vezes. Muitos acreditam que, se não fosse
pela ditadura militar, Dix-huit também teria sido governador eleito, mas isso é
apenas uma conjectura.
Ao longo dessas décadas, alguns representantes não
pertencentes à família Rosado também assumiram o poder, como Antônio Rodrigues
de Carvalho, prefeito nos anos 1950, que interrompeu brevemente o domínio
oligárquico ao derrotar Vingt-um em uma eleição apertada em 1968. No entanto,
os Rosados logo retomaram o poder, perdendo-o apenas em 2014 para Francisco
José Junior em uma eleição suplementar, recuperando-o brevemente com Rosalba
Ciarlini e depois perdendo novamente em 2020.
Entre 1985 e 2016, os Rosados se dividiram entre governo e
oposição, com uma divisão familiar que foi explorada por outros grupos
políticos, como a oligarquia Maia, liderada por Tarcísio, pai de José Agripino,
que fomentou a crise familiar desde os anos 1970.
Carlos Augusto, herdeiro político de Dix-sept, percebeu que
Vingt estava planejando impor Laíre, genro e sobrinho, como sucessor da família
e decidiu seguir seu próprio caminho, tornando-se uma figura vitoriosa na
política local. A política se dividiu entre os Rosados de Carlos Augusto e
Rosalba Ciarlini (“Rosalbismo”) e os herdeiros de Vingt com Sandra e Laíre
(“Rosadismo”).
Nos anos 2000, os Rosados estavam no auge de seu poder,
controlando vários cargos políticos simultaneamente. No entanto, a partir da
tumultuada eleição de 2012, que culminou em cassações de Cláudia Regina,
candidata do “Rosalbismo”, o grupo perdeu força.
Em 2016, Rosalba Ciarlini retornou ao poder, mas sua gestão
foi considerada uma das piores. Em 2020, foi derrotada por Allyson Bezerra,
marcando o fim do domínio dos Rosados.
Esta eleição municipal em 2024 será histórica, pois será a
primeira em 76 anos em que a família Rosado não desempenhará um papel de
destaque na cidade. A própria Rosalba está sumida do cenário político, Sandra
não disputará mais eleições, e Larissa aspira a um mandato de vereadora. Os
Rosados passam a ser coadjuvantes em uma nova era política em Mossoró, e isso
marca uma mudança significativa na paisagem política da cidade.
* Bruno Barreto é jornalista/blogueiro de Mossoró.
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