A ministra da Saúde, Nísia Trindade, assinou na segunda-feira (3) duas portarias que instituem a recomposição financeira para os serviços residenciais terapêuticos (SRT) e para os centros de atenção psicossocial (Caps), totalizando mais de R$ 200 milhões para o orçamento da Rede de Atenção Psicossocial (Raps) no restante de 2023.
Ao todo, o recurso
destinado pela pasta aos estados será de R$414 milhões no período de um ano.
O anúncio foi feito durante a 17º Conferência Nacional de
Saúde, que acontece até a próxima quarta-feira (5) em Brasília. O evento reúne
representantes da sociedade civil, entidades e movimentos sociais para debater
temas prioritários para o sistema público de saúde, incluindo a saúde mental. O
montante anunciado representa um aumento de 27% no orçamento da rede, no
intuito de aumentar a assistência à saúde mental no Sistema Único de Saúde
(SUS).
O repasse será direcionado para um total de 2.855 Caps e
870 SRT existentes no país. Todas as instituições, de acordo com o ministério,
terão recomposição do financiamento e os recursos serão incorporados ao limite
financeiro de média e alta complexidade de estados, do Distrito Federal e dos
municípios com unidades habilitadas.
Nísia lembrou que, durante os encontros preparatórios para
a conferência nacional, nos estados e municípios, surgiram dois pontos de
consenso: o reforço do SUS e da democracia. “Nesse contexto, a saúde mental tem
lugar especial”, destacou, ao citar retrocessos e o que ela mesma chamou de
negacionismo identificados no país ao longo dos últimos anos.
“Um descaso com o sofrimento, agravado pela pandemia de covid-19. A pauta de saúde mental é hoje discutida em todo o mundo. Não está referida só ao efeito da pandemia. Tem muito a ver com a solidão com que as pessoas vivem hoje, com o individualismo crescente que, muitas vezes, se manifesta na dificuldade de ter relações sociais, nisso que hoje se chama de efeito tóxico da comunicação só pelas redes sociais.”
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