Depois de ser negociada até poucos instantes de ser levada
a votação, a reforma tributária foi aprovada, ontem, na Câmara dos Deputados.
Em primeiro turno, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) passou por 382 x
118 e três abstenções — no segundo turno, o placar foi de 375 a 113 e
novamente três abstenções. O resultado foi melhor do que o esperado pelo
Palácio do Planalto.
A alteração promovida no sistema de impostos do país vem
sendo cobrada há décadas pelos setores produtivos, sobretudo porque a última
alteração profunda foi realizada durante a ditadura militar.
Vários foram os atores envolvidos na elaboração do relatório do deputado Aguinaldo Ribeiro que se empenharam para que a reforma fosse apreciada pelo plenário.
No circuito de negociações destacam-se o
ministro da Fazenda, Fernando Haddad — que articulou politicamente e, também,
para que fosse construído um texto que chegasse o mais perto possível dos
pleitos de todos os setores afetados; o presidente da Câmara, Arthur Lira
(PP-AL), que acelerou os trabalhos e fez o meio-campo entre as bancadas e
frentes dentro da Casa; e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos),
que ao apoiar o texto quebrou resistência de outros governadores e os
galvanizou pela aprovação da matéria.
Lira se empenhou até o último instante para que o texto
fosse a votação. Em um ato pouco usual na Câmara, ele deixou a mesa diretora e
discursou em defesa da PEC. Exortou que estava em julgamento um projeto de
país.
"Todos querem um sistema tributário com justiça social
simplificada e eficiente. Não nos deixemos também levar pelo radicalismo
político. O povo está cansado disso", disse.
No embate de meses pela aprovação da reforma Haddad,
Tarcísio e Lira podem se considerar vencedores por terem conseguido articular e
fechar o texto que foi a votação. Mas, nesta galeria, os congressistas também
colocam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que conseguiu votar uma matéria
que seus antecessores não conseguiram levar adiante.
Nesse jogo, porém, têm também os que saem perdendo e
diminuem de tamanho. É o caso de Jair Bolsonaro, que não conseguiu liderar a
oposição contra a reforma.
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