A expectativa de vida do brasileiro cresceu 40% nos últimos
60 anos. Mesmo assim, o país tem o segundo pior índice entre as dez maiores
economias do mundo.
Em seis décadas, os brasileiros foram superados pelos
chineses no tempo esperado de vida e seguem à frente apenas dos indianos —
enquanto isso, a diferença em relação aos japoneses, líderes do ranking, supera
os dez anos.
Em comparação com os vizinhos da América do Sul, o Brasil
historicamente só tinha índices melhores que Bolívia e Peru.
Mas os números melhoraram a partir dos anos 1990 e se
aproximam cada vez mais do que é observado em outras nações mais longevas da
região, como Argentina, Chile e Uruguai.
Em suma, a expectativa de vida é indicador que avalia
quantos anos um indivíduo que acaba de nascer deve viver se as condições
econômicas, sociais, políticas e de saúde público permanecerem as mesmas dali
em diante.
Ou seja: espera-se que um brasileiro que veio ao mundo no
dia de hoje, diante de todos os fatores atuais, viva 74 anos, em média.
Esse limite pode subir ou cair, a depender de como a
realidade e as políticas públicas mudem — para melhor ou para pior.
A seguir, você confere dois gráficos compilados pela BBC
News Brasil a partir de dados do Banco Mundial e da Organização das Nações
Unidas (ONU). Eles revelam algumas das principais contradições da expectativa
de vida no país em comparação com a de outros locais com similaridades
econômicas e geográficas.
Top 10 economias
Estados Unidos, China, Japão, Alemanha, Índia, Reino Unido,
França, Itália, Brasil e Canadá formam hoje o grupo das dez maiores economias
do mundo.
Quando o assunto é expectativa de vida, há assimetrias
gritantes entre essas nações.
Segundo as estatísticas da ONU e do Banco Mundial,
espera-se que um japonês viva em média 84,6 anos e um italiano chegue aos 82,3.
Já um brasileiro alcança ao redor de 74 e um indiano os 70,1.
Falamos, portanto, de diferenças que superam uma década de
vida de acordo com a nação onde um indivíduo nasce.
A figura se inverte quando analisamos a mudança relativa na
expectativa de vida — ou quanto esses números subiram entre 1960 e 2020.
Nas nações historicamente mais ricas (Estados Unidos, Reino
Unido, Canadá, Alemanha, França e Itália), esse crescimento fica abaixo dos
20%. A única exceção é o Japão, que ampliou o índice em 25% nas últimas seis
décadas.
Já nos três países emergentes, essa aceleração é bem mais
rápida: no Brasil, a expectativa de vida cresceu 40% nesse meio tempo. A
porcentagem é ainda maior na Índia (55%) e na China (134%).
Para ter ideia, um chinês vivia 33,2 anos em 1960. Em 2020,
essa média estava em 78 anos.
América do Sul
Ao longo das seis últimas décadas, Chile, Uruguai e
Argentina mantiveram a dianteira da América do Sul quando o assunto é
expectativa de vida.
Apesar de ser a maior economia da região, o Brasil sempre
esteve nas últimas posições desse ranking, ao lado de Bolívia e Peru.
Para ter ideia, um argentino vivia uma média de 63,9 anos
em 1960, enquanto o brasileiro só chegava até os 52,6 — uma diferença de 11
anos.
A situação começou a mudar de figura a partir dos anos
1990, quando essa disparidade em relação a alguns vizinhos sul-americanos
começou a ficar cada vez menor.
Enquanto a expectativa de vida do Brasil subiu 5,3% na
década de 1990, essa taxa se elevou em 2,7% na Argentina e 2,2% no Uruguai.
Mesmo assim, esses países ainda têm índices superiores:
hoje em dia, espera-se que um argentino viva por 75,8 anos, enquanto um
brasileiro chegue aos 74.
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