Exatamente 44 horas e 34 minutos após o Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) oficializar a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva na eleição
presidencial, Jair Bolsonaro apareceu no saguão do Palácio da Alvorada para
reconhecer o resultado.
Fez isso a seu modo, um estilo grosseiro, como péssimo
perdedor. Além da demora, não teve a grandeza de citar o nome do adversário e
ainda voltou a criticar o sistema de votação brasileiro, que por tantos meses
atacou.
"Os atuais movimentos populares são fruto de
indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral",
disse Bolsonaro, sobre a baderna que radicais bolsonaristas travestidos de
caminhoneiros estão protagonizando nas rodovias do país.
Como se sabe, a argumentação é falsa, não houve injustiça.
As urnas eletrônicas são seguras e deveriam ser motivo de orgulho para todos.
A tônica dos protestos que eclodiram desde o anúncio do TSE
é justamente esta. Foi uma leve admoestação aos baderneiros, em tom brando
demais para a gravidade dos fatos a que estamos assistindo.
Bolsonaro elogiou a si próprio por nunca ter falado “em
controlar ou censurar a mídia e as redes sociais”. A tradução para esse trecho,
como se sabe, é a defesa indireta de que todos possam xingar ou mentir
livremente, sem responder por seus atos na Justiça.
A parte considerada como mais importante do curto discurso
de Bolsonaro foi aquela em que ele disse o seguinte: “Enquanto presidente da
República e cidadão, continuarei cumprindo todos os mandamentos da nossa
Constituição”.
Em tempo
Triste país esse, em que, no meio do choro de mau perdedor,
o presidente derrotado na eleição dizer que cumprirá a Constituição é uma
declaração considerada positiva, como se não fosse uma obviedade.
Chico Alves, UOL.
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