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sexta-feira, 26 de novembro de 2021

FRANCISCO DO PT, O PEQUENO GIGANTE

O deputado Francisco do PT é franzino, mede pouco mais de um metro e meio, pesa menos de 50 quilos, mas se transformou num gigante para falar a respeito da prisão de um de seus irmãos. 


A jornalista Laurita Arruda abriu a manchete: Grandeza na dor. 


Foi justamente isso que aconteceu. Francisco se agigantou para falar de um drama familiar. O assunto veio à tona vinculando a prisão de um homem por posse ilegal de arma de fogo e drogas. 


Poderia ser mais uma prisão. Mas era a prisão do irmão do deputado Francisco do PT, Líder do governo Fátima Bezerra na Assembleia. 


A imprensa errou em fazer a vinculação da referência? Na minha opinião, não. É natural que pessoas ligadas por vínculos familiares ou de amizade com figuras públicas, levem esses vínculos consigo quando algo negativo ocorrer e sirvam de referência para diferenciar o cidadão comum, daquele que possui algo mais e cometeu o mesmo delito que tantos outros. 


É o ônus de ser figura pública. 


Fazer a referência na manchete pode até ter o interesse político de desgastar aquele que defende um governo do qual eu possa ser contra. 


Mas, a gravidade não está na vinculação de referência do criminoso ao irmão famoso. Está no fato de querer tirar proveito político de um drama familiar tão comum em praticamente todas as famílias. 


Mas, foi justamente aí que o pequenino Francisco se agigantou. Ele emitiu uma nota em que não desconhece o irmão e ainda se solidariza publicamente sem se acumpliciar ou apadrinhar o erro. 


Fala do problema do irmão com a leveza que o amor propicia e o coração exige. 
Ignora o oportunista uso político do episódio pelos adversários com a categoria de um maestro que rege uma orquestra e, no movimento da batuta, faz mover ou parar os instrumentos certos para aquela melodia. 


Francisco também fez questão de ignorar o fato de que não usou sua força política para que a prisão do irmão não fosse concretizada. 


Sim, isso já foi muito comum por aqui, em que os apadrinhados dos donos do poder não sabiam o peso da punição pelo erro, pois a carteirada era a chave das algemas e a porta de saída do camburão. 


O percurso entre a prisão e a delegacia não chegava a ser cumprido. A força do poder era exercida para proteger os seus. 


Nesse aspecto, Francisco disse que seu irmão deve ser tratado “como qualquer cidadão”, cobrando isonomia inexistente no sistema, que cega aos poderosos e usa lupa aos invisíveis sociais sem referência familiar ou política. 


Francisco chegou a dizer que nunca virou e nem vai virar as costas ao irmão, mas não flertou com a impunidade, ao dizer que ele deve pagar pelos erros cometidos. 

Além de emitir uma nota pública, Francisco também falou na Assembleia. [vídeo no final da matéria]. 


Falou de forma virtual, pois se recupera da Covid, que o fez se afastar presencialmente das atividades. O coronavírus não tem provocado tanta dor em Francisco do que a justa prisão de seu irmão, que o fez revelar publicamente outro drama comum em lares brasileiros, o alcoolismo. 


Do alto de seu gigantismo moral, Francisco narrou a dor silenciosa que o acompanhou em boa parte da vida, tendo que sofrer pelo excesso de álcool consumido por sua mãe. 


Imagine um filho que tem a mãe como protetora natural, ter que mendigar sentimentos e atenção, numa disputa em que perde para a garrafa, numa luta desigual em que a necessidade do corpo fala mais alto que o coração de mãe. Ela sofria diante da impotência e inevitável derrota para o vício. Os filhos, mais ainda. Pelo desamparo momentâneo e pela incapacidade de mudar o cenário. 


Francisco se despiu diante de todos para se revelar um sofredor, um batalhador, um trabalhador que estudou e se transformou em professor. Um professor que aprendeu a respeitar sentimentos e dores e ensinou que pequeno é aquele que se acovarda diante das adversidades. 


Gigante é o que tem coragem de se mostrar pequeno diante do imponderável e revelar que cortar a própria carne não é tarefa para qualquer um. Precisa ser um gigante na atitude. 

Aos que tentaram tirar proveito político da situação, Francisco ofereceu o silêncio, que funcionou como um tiro de canhão na mediocridade e no oportunismo.  


O pequeno Francisco é um gigante de dignidade e respeito! 


Por Túlio Lemos, jornalista.