O governo Bolsonaro corre contra o tempo para aprovar o novo Bolsa Família. A pressa tem a ver com o fim do Auxílio Emergencial, que se encerra nesse mês, mas principalmente para ajudar a recuperar a popularidade perdida e manter viva a chance de reeleição em 2022.
A maior esperança é rebatizar o Bolsa Família e turbiná-lo com recursos generosos. Paulo Guedes resistia a ele para preservar o teto de gastos constitucional, mas foi pressionado pelo presidente e pelos ministros Onyx Lorenzoni e João Roma. Eles venceram. O resultado é um pacote de benefícios que vai beneficiar 17 milhões de famílias com R$ 400 (33% a mais do que o Auxílio Emergencial) e custará R$ 84 bilhões, segundo as estimativas.
Esse plano não foi elaborado como programa social. Desconsidera os avisos de todos os especialistas, inclusive o de que aloca mal os recursos e deixa de fora muitos que precisam dele. Sem contar que a volta da inflação vai corroer boa parte dos ganhos. Isso não é surpresa. O governo nunca se preocupou em atender a base da pirâmide.
Agora, Bolsonaro vai pedalar o Orçamento, driblar a responsabilidade fiscal e encaminhar na bacia das almas um programa eleitoreiro, que servirá apenas para manter seu governo acima da superfície. É o fim da promessa liberal de Guedes. O populismo econômico escancarado lembra o final do governo Dilma, quando cifras bilionárias circulavam pelos bancos oficiais para abastecer empresários amigos e tentar reanimar a economia.
O pacote de Bolsonaro, igualmente, sinaliza que a economia do País estará comprometida nos próximos anos. Ao partir para o vale-tudo na economia, o chefe do Executivo afasta os poucos investidores que ainda contavam com a estabilidade do País. A B3 caiu e o dólar deu mais um salto. É apenas o começo.
Fonte: Isto É
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