O delegado Renato Oliveira, que comandou o
trabalho de investigação que resultou na prisão de um suposto médico clinicando
sem CRM em Porto do Mangue, disse que a situação é bem mais grave do que se
imaginava no início do trabalho. “É muito grave”, diz Oliveira, admitindo a
possibilidade de atuação de uma quadrilha na região.
As investigações começaram quando um médico
de Natal percebeu, no Regula RN, que seu CRM estava sendo usado para regular
pacientes com covid19 de Porto do Mangue para Mossoró-RN. Preocupado com a
situação, avisou a Polícia Civil para checar a informação e, no caso, adotar as
providências necessárias.
“Depois que recebemos a informação, diante da
gravidade do caso, pois este e outros 5 estavam atuando na linha de frente no
combate a covid19, iniciamos o trabalho de investigação, mas não encontramos o
nosso alvo. Havia outro lá. O plantão era de outro que estava atuando
ilegalmente e usando documento de outro médico”, diz o delegado.
O suspeito estava clinicando usando o CRM de
um médico de São Paulo e falou que havia se formado no Paraguai. Mostrou
documento, mas, mesmo assim, segundo o delegado, é preciso ter um Revalida,
para ele poder clinicar no Brasil. Usava o CRM de outro médico, o que se
configura inclusive crime grave, diante da atual situação.
O alvo da investigação foi procurado na
cidade, mas não foi encontrado. Fugiu. Também existem fortes suspeitas de
que o secretário de Saúde e o prefeito de Porto do Mangue estejam envolvidos.
“São possibilidades que temos que investigar, para que fique tudo claro”,
admite o delegado, pedindo para que não sejam feito julgamentos antecipados.
As investigações apontaram que este médico
trabalha para uma empresa, que pertence a uma pessoa (nome resguardado para não
prejudicar as investigações) da cidade de Apodi e que todos que nela trabalham
supostamente são falsos médicos. Estamos apurando pontualmente a relação deste
grupo com os gestores de Porto do Mangue.
E não estariam atuando só em Porto do Mangue.
Existe fortes indícios de que também estariam atuando em outras cidades da
região. “A investigação está se aprofundando agora, vamos oficializar o CRM e a
Polícia Federal”, diz o delegado Renato Oliveira, que lamenta está num período
de feriado, onde tudo é parado, e não ter como sequenciar o trabalho
rapidamente.
Após o trabalho realizado em Porto do Mangue,
o delegado recebeu documentos de outras cidades, como Areia Branca, que também
estariam empregando pessoas que se dizem médicos. “Temos que verificar tudo,
porque é muito grave uma situação desta”, diz. Os investigadores acreditam que
vão surgir denúncias de outras cidades.
O suposto médico preso em Porto do Mangue
continua detido na Delegacia de Areia Branca, aguardando decisão da Justiça. O
inquérito policial continua na Policia Civil, mas que o delegado vai consultar
o CRM e também a Polícia Federal para uma possível investigação conjunta.
"O que queremos é deixar tudo esclarecido no processo", finaliza. (Mossoró Hoje)
Nota de Esclarecimento
A
Prefeitura do Município de Porto do Mangue/RN diante do fato ocorrido na
quinta-feira (11/06/2020), na Unidade de Saúde Francisca das Chagas de Andrade,
vem ESCLARECER que, os médicos plantonistas são prestadores de serviços
terceirizados, contratados por uma empresa a qual mediante processo
licitatório, sendo responsável pela gestão e fiscalização dos profissionais os
médicos que porventura venham a laborar junto a este Ente Federativo.
Inicialmente foi tomada a medida de suspensão
imediata do contrato junto a empresa Central Consultas Médicas Ltda, bem como a
imediata instauração de processo administrativo para apurar os fatos, sem
prejuízos as demais sanções legais possíveis.
Desde já a gestão da Prefeitura Municipal
reafirma seu compromisso de seriedade e zelo para com a saúde dos munícipes
portomanguenses.
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