Poucas vezes o mercado de trabalho esteve
tão vulnerável como agora. Com a economia em queda, as empresas endividadas e o
fechamento de pequenos e médios negócios, 2020 deve ser o ano do extermínio de
empregos.
No Brasil, pelo menos 9 milhões de vagas formais devem ser perdidas
este ano, uma enormidade.
A previsão é que a taxa de desemprego chegue
a 18,7%, segundo um estudo inédito da Fundação Getúlio Vargas (FGV), algo que
não se via pelo menos desde 1992. No ano passado, há havia cerca de 12,6
milhões de pessoas desocupadas no país – o índice de desemprego fechou em 12%.
Em média, cada ponto percentual da taxa de
desemprego corresponde a cerca de 1 milhão de postos de trabalho perdidos, daí
a previsão dramática para 2020.
Um cenário complexo de incertezas contribui
para as projeções negativas. A retomada econômica depende intrinsecamente de
uma melhora significativa na crise da saúde pública – e, por enquanto, não se
sabe quando isso vai acontecer. Com a transmissão do coronavírus em ritmo acelerado
na maior parte do país, medidas para reabrir a economia tendem, neste momento,
a passar longe do resultado desejado.
“Sem controlar a propagação do vírus, não
adianta autorizar o comércio e outras atividades a funcionar, já que os
consumidores provavelmente evitarão ir a esses locais para não se contaminar”,
diz o economista Daniel Duque, da FGV, especializado em mercado de trabalho.
Mesmo depois de uma certa volta à
normalidade, quando a pandemia estiver mais controlada, provavelmente serão
necessários pelo menos alguns meses para que as empresas recomponham o caixa e
se sintam confortáveis o suficiente para voltar a contratar. Até o final do
ano, trata-se de algo que dificilmente vai acontecer, na visão dos economistas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário