“Pendurei as minhas chuteiras num poste de 30
metros de altura onde eu não consiga nunca mais alcançá-las”. As palavras são
do empresário Flávio Rocha, presidente da Riachuelo e um dos fundadores do
Instituto Brasil 200, o principal reduto do bolsonarismo no meio empresarial,
que agora anuncia sua saída oficial do grupo presidido por seu sobrinho,
Gabriel Kanner.
Rocha se identifica com a “velha guarda” do
movimento, e admite abertamente que tomou a decisão de deixar o grupo por
discordar da linha adotada pelo sobrinho.
“A ideia do Brasil 200 era funcionar como um
think tank, um laboratório de ideias nessa linha liberal na economia e
conservadora nos costumes. Existia um vazio na política angustiante”, diz Rocha
ao Radar. “Mas eu acho que, quiseram as circunstâncias, a nova geração vindo
aí, a coisa entrou mais no debate político cotidiano, que não faz sentido nenhum,
não é conciliável com a direção de uma grande empresa”, complementa.
Para o empresário, o Brasil 200 fez sentido
enquanto colocou o debate de ideias de alto nível acima do fla-flu diário da
política que tomou conta da pauta do país. Era esse limite que mantinha o
movimento em harmonia com os negócios, afinal, como ensina Rocha, a nenhum
grande líder de companhia de capital aberto, com acionistas de todas as
correntes de pensamento, é dado o luxo de envolver-se em querelas políticas.
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