expr:class='"loading" + data:blog.mobileClass'>

sábado, 6 de setembro de 2014

Marina Silva usou codinome e se afastou da igreja para militar contra ditadura


Marina nos anos 80, liderando seringueiros 
contra derrubadas de árvores em Xapuri -AC.
Após desistir do sonho de infância de ser freira e antes de se converter à igreja evangélica Assembleia de Deus, Marina Silva experimentou um período de radicalismo político.

Foi nos primeiros anos da década de 1980, quando militava na organização clandestina Partido Revolucionário Comunista (PRC).

Apesar de adotar o codinome Sara, de origem bíblica, na luta contra a ditadura militar, Marina se distanciou na época da Igreja Católica.

"Acho que teve esse rompimento com a estrutura da igreja. Mas, com Deus, eu não sei. Depois, ela já começou a se incorporar de novo e, antes de virar evangélica, ficou bastante religiosa", diz Júlia Feitosa, que era companheira inseparável de Marina.

A entrada de Marina Silva na organização, que na esfera nacional contava com o ex-deputado José Genoino, ocorreu em 1979, enquanto participava do conjunto experimental de teatro Grupo Semente, conforme a biografia autorizada "Marina: a Vida por uma Causa", de Marília de Camargo César.

Marina não tinha vocação para atriz – seu primeiro papel foi interpretar um cacto parado. Mas o grupo serviu para que a ex-seringueira, alfabetizada aos 16 anos, tivesse contato com obras de Bertolt Brecht e Lênin.

O passo seguinte foi se unir ao PRC junto com seus melhores amigos da época: Binho Marques, futuro governador do Acre (2007-2011), e Feitosa, hoje assessora da Secretaria de Articulação Institucional do governo estadual e fervorosa militante petista.

"O PRC era uma estratégia para estar em vários lugares e avançar no que a gente imaginava que ia fazer, a revolução armada no Brasil. A gente sonhava alto", relata Feitosa.

"O Chico Mendes [assassinado em 1988] era do PRC. E a gente acompanhava a luta. Mas nunca tivemos armas, nunca fizemos treinamento de guerrilha, nunca fomos detidos", lembra Feitosa.

Com a redemocratização em curso, o PRC aos poucos deixou o ideal revolucionário para virar uma tendência de esquerda do PT, para o qual Marina se filiou em 1985.

"Fazíamos reuniões dentro da célula para decidir como votar no PT. A gente atuava dentro do PT, fazia a política do PT. Mas éramos minoria dentro do PT", diz o advogado Gomercindo Rodrigues, que pertencia à célula de Chico Mendes, em Xapuri (AC).

O que há em comum entre a Marina revolucionária e a candidata a presidente?

"Continua persistente, sempre foi a marca dela. Sua vida teve dificuldades, problemas sérios de saúde. A vinculação ambiental se manteve. E, se for para debater com ela, é complicado, ela sempre teve boa oratória", diz Rodrigues.