É
hora de calçar as sandálias da humildade e começar do zero. Já tínhamos levado
aquela chinelada do Barcelona no Mundial de Clubes, mas a sapatada de
terça-feira doeu mais.
Quando
o Santos perdeu aquela decisão, lembro que pelo menos o Neymar disse que tínhamos
tomado uma aula de futebol. Agora, só ouvi dizerem que foi uma pane, que perder
de um ou de sete é a mesma coisa, mas não dá para aceitar.
Não dá mais para esconder que tem que mudar muita coisa. Futebol é espetáculo, é se deliciar com a beleza do jogo, claro que sem perder a seriedade e o profissionalismo, mas nosso time não pode ir a campo como se fosse disputar os “Jogos Vorazes".
Não dá mais para esconder que tem que mudar muita coisa. Futebol é espetáculo, é se deliciar com a beleza do jogo, claro que sem perder a seriedade e o profissionalismo, mas nosso time não pode ir a campo como se fosse disputar os “Jogos Vorazes".
No
filme, o objetivo é salvar sua vida, mas no futebol não pode ser assim. Foi
tanta pressão que passaram para os jogadores que eles desmoronaram no primeiro
golpe. Com esse clima, o time não cria, não relaxa.
Todas
as outras seleções estão curtindo a Copa sem deixar de lado a concentração no
jogo. No Brasil, só o Neymar conseguiu mostrar a desenvoltura e a capacidade de
desfrutar disso tudo.
A
seleção não fez nenhuma atuação à altura do que se espera do Brasil. Desde o
começo, não teve alternativas para sair das dificuldades, impostas pelo México
e pelo Chile.
Quando
enfrentasse uma seleção mais forte e organizada, como a Alemanha, era isso que
ia acontecer. A Alemanha não menosprezou o Brasil, fez como o nosso Flamengo
dos anos 80, fazia um gol e continuava batendo até liquidar o adversário.
Temos
que rever a formação dos nossos jogadores. Na hora de escolher na base, não tem
que saber quem é mais alto e forte, como os clubes vem fazendo. Tem que
priorizar e trabalhar em cima de quem tem talento. A mudança tem que ser
radical também dentro da entidade que comanda a seleção.
A
comissão técnica acreditou que o Brasil estava pronto por causa do título da
Copa das Confederações mas em um ano que se passou até o Mundial muita coisa
muda.
Chegamos
na Copa sem nenhum jogador como protagonista em seus clubes na Europa, até o
Neymar sofreu para se firmar no Barcelona. Só dois ou três são titulares
absolutos: o Thiago Silva e o Daniel Alves, que mesmo assim teve uma temporada
muito difícil.
Diante
disso não chegamos com aquele alto ritmo de competição que a Copa exige. Entre
os jogadores, não podemos achar que ninguém serve, temos uma base e é preciso
fazer um trabalho bem feito porque as próximas eliminatórias serão dificílimas.
Quando o sistema de disputa mudou para todos contra todos, em dois turnos,
pensavam que ficaria mais fácil para Brasil e Argentina mas não é isso que
temos visto.
As
Eliminatórias já são Copa do Mundo, é assim que o jogador amadurece para chegar
no Mundial. Infelizmente, nosso time não jogou as Eliminatórias e isso nos
prejudicou por se tratar de uma geração que precisava de experiência.
A
CBF precisa fazer muito mais, incentivando o trabalho dos clubes, descobrindo
valores e ajudando a manter os talentos aqui por mais tempo. Mesmo com a
sapatada, não acredito que a paixão pelo futebol vai diminuir nem em relação
aos clubes nem à seleção. E vamos em frente.
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