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sexta-feira, 11 de julho de 2014

Zico: Em busca do estilo brasileiro perdido


É hora de calçar as sandálias da humildade e começar do zero. Já tínhamos levado aquela chinelada do Barcelona no Mundial de Clubes, mas a sapatada de terça-feira doeu mais.

Quando o Santos perdeu aquela decisão, lembro que pelo menos o Neymar disse que tínhamos tomado uma aula de futebol. Agora, só ouvi dizerem que foi uma pane, que perder de um ou de sete é a mesma coisa, mas não dá para aceitar.

Não dá mais para esconder que tem que mudar muita coisa. Futebol é espetáculo, é se deliciar com a beleza do jogo, claro que sem perder a seriedade e o profissionalismo, mas nosso time não pode ir a campo como se fosse disputar os “Jogos Vorazes".

No filme, o objetivo é salvar sua vida, mas no futebol não pode ser assim. Foi tanta pressão que passaram para os jogadores que eles desmoronaram no primeiro golpe. Com esse clima, o time não cria, não relaxa.

Todas as outras seleções estão curtindo a Copa sem deixar de lado a concentração no jogo. No Brasil, só o Neymar conseguiu mostrar a desenvoltura e a capacidade de desfrutar disso tudo.

A seleção não fez nenhuma atuação à altura do que se espera do Brasil. Desde o começo, não teve alternativas para sair das dificuldades, impostas pelo México e pelo Chile.

Quando enfrentasse uma seleção mais forte e organizada, como a Alemanha, era isso que ia acontecer. A Alemanha não menosprezou o Brasil, fez como o nosso Flamengo dos anos 80, fazia um gol e continuava batendo até liquidar o adversário.

Temos que rever a formação dos nossos jogadores. Na hora de escolher na base, não tem que saber quem é mais alto e forte, como os clubes vem fazendo. Tem que priorizar e trabalhar em cima de quem tem talento. A mudança tem que ser radical também dentro da entidade que comanda a seleção.

A comissão técnica acreditou que o Brasil estava pronto por causa do título da Copa das Confederações mas em um ano que se passou até o Mundial muita coisa muda.

Chegamos na Copa sem nenhum jogador como protagonista em seus clubes na Europa, até o Neymar sofreu para se firmar no Barcelona. Só dois ou três são titulares absolutos: o Thiago Silva e o Daniel Alves, que mesmo assim teve uma temporada muito difícil.

Diante disso não chegamos com aquele alto ritmo de competição que a Copa exige. Entre os jogadores, não podemos achar que ninguém serve, temos uma base e é preciso fazer um trabalho bem feito porque as próximas eliminatórias serão dificílimas. Quando o sistema de disputa mudou para todos contra todos, em dois turnos, pensavam que ficaria mais fácil para Brasil e Argentina mas não é isso que temos visto.

As Eliminatórias já são Copa do Mundo, é assim que o jogador amadurece para chegar no Mundial. Infelizmente, nosso time não jogou as Eliminatórias e isso nos prejudicou por se tratar de uma geração que precisava de experiência.


A CBF precisa fazer muito mais, incentivando o trabalho dos clubes, descobrindo valores e ajudando a manter os talentos aqui por mais tempo. Mesmo com a sapatada, não acredito que a paixão pelo futebol vai diminuir nem em relação aos clubes nem à seleção. E vamos em frente.