O presidente da CPI da Covid-19, Omar Aziz, deu voz de prisão ao ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, sob a acusação de mentir à comissão. Dias respondia perguntas do senador Fabiano Contarato quando foi interrompido por Aziz para dar voz de prisão à testemunha.
O senador afirmou que Dias "só mentiu" em seu depoimento. "Chame a polícia do Senado. O senhor está detido pela presidência da CPI", afirmou Aziz a Roberto Dias.
A advogada do ex-diretor diz que pedido é um "absurdo" e que o depoente deu "contribuições valiosíssimas".
Durante o depoimento, ex-diretor tem repetido que toda a negociação envolvendo os imunizantes foi concentrada na secretaria-executiva do ministério, então sob o comando de Elcio Franco.
Dias também negou a acusação de que teria pedido propina de US$ 1 por dose a Dominguetti para avançar em negociações por 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca. Segundo o representante comercial, o episódio teria acontecido em um jantar no restaurante Vasto, em um shopping de Brasília, em 25 de fevereiro.
Porém...
A quebra de sigilo do celular de Dominguetti, porém, sugere que o encontro não foi por acaso, como afirmou Dias, mas estava previamente combinado. Em mensagens em áudio o policial já tratava do encontro dois dias antes.
"Rafael, tudo bem? A compra vai acontecer, tá? Estamos na fase burocrática. Em off, pra você saber, quem vai assinar é o Dias mesmo, tá? Caiu no colo do Dias... E a gente já se falou, né? E quinta-feira a gente tem uma reunião para finalizar com o Ministério". Roberto Dias alega que encontrou Dominguetti por acaso, sem ter agendado.
O Código Penal, em seu artigo 342, classifica o ato de fazer afirmação falsa em investigação como crime punível com reclusão de dois a quatro anos e multa. A decisão do presidente da CPI de prender Dias foi classificada como "abuso de autoridade" pelo senador governista Marcos Rogério (DEM-RO).