Na maior unidade de saúde para atendimento
psiquiátrico no RN, o Hospital João Machado (HJM), pacientes
estão dormindo em colchões colocados no chão. A cena foi registrada na manhã
desta sexta-feira (4), pela equipe de reportagem da Intertv Cabugi, após uma
denúncia feita pelo Sindicato Estadual da Saúde (Sindsaúde).
Na ala masculina, o dormitório possui 15
leitos. Mas, segundo os profissionais de saúde que atuam na unidade, 27
pacientes ocupam o espaço.
"Eu durmo no colchão no chão",
confirma um dos pacientes. Uma servidora da unidade, que preferiu não se
identificar, contou que as condições de trabalho são precárias. " Nós não
temos condição de trabalho nenhuma. Não temos lençol suficiente, fata
medicação, está superlotado, demanda maior. Tem gente dormindo no chão",
conta a servidora.
A falta de medicamentos controlados é outro
problema. Na parede de entrada da farmácia, foi fixado um aviso de que o
medicamento olamzapina 5 e 10 mg está em falta. O medicamento é usado para
tratamento de pacientes com surtos psicóticos e quadros de bipolaridade. Os
remédios deveriam ser fornecidos gratuitamente aos pacientes, mas há meses a
farmácia não é abastecida.
Uma paciente reclamou também da falta de um
medicamento específico para o tratamento da esquizofrenia. Rosimary Mathias
disse que a família está comprando com muita dificuldade. “Eu preciso desses
remédios pra cuidar de mim, para não vir a surtar. Meu pai está juntando com
meu esposo, parcelando no cartão, para poder não faltar meu remédio",
conta.
Os pacientes em surto também sofrem com a
falta de atendimento. "O rapaz está passando mal desde ontem e não aparece
um enfermeiro pra acudir, não aparece medicação certa. Aqui a gente é pra se
tratar, aqui é um hospital", reclama um dos pacientes, que não quis se
identificar.
Em nota, a direção do HJM e Secretaria de
Estado da Saúde Pública (Sesap), informaram que a partir desta sexta-feira (4),
depois de realizada a desinfecção, vai destinar os 10 leitos de isolamento
disponíveis para pacientes da psiquiatria com suspeita ou confirmação da Covid,
que estavam desocupados, para ocupação de pacientes da enfermaria mista.