Com a variante delta, muito mais contagiosa que a cepa original, parece ilusório alcançar a imunidade coletiva apenas com as vacinas anticovid-19, embora os imunizantes continuem sendo cruciais para conter a pandemia - destacam especialistas.
"Se a pergunta é 'apenas as vacinas permitirão o retrocesso e o controle da epidemia?', a resposta é não", disse à AFP o epidemiologista Mircea Sofonea. De fato, "há dois parâmetros: a contagiosidade intrínseca do vírus e a eficácia da vacina contra a infecção. E não são suficientes", acrescenta.
Por quê? A variante delta, agora dominante, é considerada 60% mais transmissível que a precedente (alfa), e duas vezes mais, que a cepa original. E, quanto mais contagioso é um vírus, mais elevado é o nível necessário para alcançar a imunidade coletiva, obtida por meio das vacinas, ou da infecção natural.
Um dos pais da vacina da AstraZeneca, professor Andrew Pollard, da Universidade de Oxford, foi claro em um discurso em 10 de agosto aos deputados britânicos: "Com a variante atual, estamos em uma situação, na qual a imunidade coletiva não é uma possibilidade, pois infecta pessoas vacinadas".
Em resumo, sim, é possível "alcançar a imunidade coletiva, mas não apenas por meio da vacinação", considera Mircea Sofonea. Isto significa manter "o uso da máscara e formas de distanciamento social, em especial em certos territórios", para frear o vírus e reduzir ao máximo os riscos.