O Brasil oferece aos olhos do mundo uma
particularidade constrangedora, para dizer o mínimo, em tempo de permanente
luta contra a pandemia de Covid-19: divide-se entre o dramático crescimento do
número de pessoas contaminadas e mortas pelo novo coronavírus e uma crise
política contagiosa, que ganhou força com a saída do ministro da Justiça, Sergio
Moro.
De Brasília, a mensagem que alcança os lares
das pessoas confinadas, uma parte delas sem trabalho nem perspectiva, beira o
inaceitável ao sugerir que a guerra dentro do governo seja mais relevante que o
combate ao Sars-CoV-2.
É ainda mais assustador saber que uma das pontas
dessa polarização — a do troca-troca ministerial — poderia ser evitada, dando
prioridade ao que é fundamental de fato.
E, caso esse caminho tivesse sido tomado,
ancorado na sensatez, haveria mais zelo com o que realmente importa agora: a
saúde da população, o único atalho para a retomada econômica.
Soa mais extemporânea ainda a movimentação
errática no Planalto ao não perceber, nas estatísticas e na administração da
crise, que a tragédia da Covid-19 começa a invadir as regiões mais pobres do
Brasil, onde a vulnerabilidade à disseminação da doença é maior.
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