Eis a verdade política e inegável. O
futebol praticado pelo Flamengo é tirano e déspota. E não ouse questionar. Pode
ser pior para o seu time.
As camisas negro-rubras desfilam pelo
campo algozes e triunfantes. Impedem o inimigo de pensar. Sufocam o adversário em
seu próprio campo. Tiram-lhe a liberdade de planejar qualquer tipo de ação.
Acuadas, as vítimas do uniforme do lado de
lá só tem duas opções. Tocar a bola de forma perfeita e milimétrica, sem erros
ou vacilos, para tentar chegar ao campo flamenguista em condições de tentar, eu
disse tentar, um ataque minimamente convincente.
Ou…
Bem, amigos, a outra opção é mais
folclórica. O famoso bumba-meu-boi. O goleiro, acuado e oprimido, dá um chutão
para frente na vã esperança de encontrar seu atacante inspirado. Doce ilusão.
Rodrigo Caio e o espanhol misterioso vão recuperar a bola e rapidamente
despachar para as travessuras do Coringa e do sambista.
Ora bolas, deixemos o desespero de lado
por alguns minutos!
Jogar com fé eu vou, ensinou o tricolor
Gilberto Gil durante a ditadura.
Digamos que consigamos - afinal papai noel
existe - tocar a bola na mais perfeita harmonia. Eis que ultrapassamos o quarteto
alucinado do ataque tirano e conseguimos chegar à meia-cancha do time da Gávea.
Cuidado.
A coragem, numa tirania, pode pagar um alto preço.
Se o pé esquerdo de Everton Ribeiro
cutucar-te por trás e tirar-lhe a bola, babau.
O contra-ataque é fulminante.
Quem mandou se meter a besta?
Gol do Flamengo.
Gabigol do Flamengo.
Brunogol do Flamengo.
E os tiranos não se cansam. Continuam
sublimes no gramado, conquistando geometricamente corações e mentes no
latifúndio doméstico e nas trincheiras além-Maracanã. O pensamento é único.
Não
há um ponto fraco ou dissonante no exército flamenguista. Onze déspotas a
serviço do gol. Implacáveis, incansáveis, a seguirem as ordens de Jorge, o
líder.
- Globoesporte.com
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