Ministério
Público do RN deflagrou a operação Holerite na manhã desta
terça-feira (7), com mandados de busca e apreensão em Caraúbas, Mossoró,
Umarizal e Felipe Guerra, cidades da região Oeste potiguar. Entre os
investigados estão o ex-prefeito de Caraúbas, Ademar Ferreira da Silva, e o
ex-secretário municipal de Planejamento, Edson Moraes.
Segundo
o MP, há indícios da prática dos crimes de falsificação de documentos públicos
e privados, falsidade ideológica, estelionato e peculato, entre outros ainda
sob investigação. Ao todo, os desvios somam R$ 799 mil. A ação conta com a
participação de 10 promotores de Justiça e 30 policiais militares.
Os
mandados de busca e apreensão foram deferidos pelo Juízo da vara Única da
comarca de Caraúbas. Além dos ex-gestores, foram cumpridos mandados de busca e
apreensão nas residências de outras três pessoas. A operação teve o objetivo de
coletar elementos de prova, como extratos bancários, contas telefônicas, fotos,
agendas, material de mídia e informática e outros itens necessários ao
prosseguimento das investigações. A Justiça também deferiu o pedido de
sequestro de bens móveis formulado pelo MPRN do ex-prefeito, de Josberto de
Souza Oliveira e de Mauri Célio Moraes.
De
acordo com o MP, por meio de um esquema fraudulento, os investigados conseguiam
aprovação para realizar empréstimos consignados em folha de pagamento,
utilizando-se do artifício de fazer declarações falsas. Eles afirmavam que
beneficiários eram servidores públicos sem que qualquer um deles tenha sido
integrante da administração pública municipal. Em outros casos, declaravam que
pessoas tinham margem consignável, sem que elas de fato tivessem. Toda a
documentação falsa tinha o objetivo de facilitar a aprovação do crédito por
parte da instituição financeira.
A
Holerite é um desdobramento da operação Negociata, deflagrada em julho de 2015,
que evidenciou fraudes da mesma natureza na Prefeitura de Umarizal e resultou
no afastamento do prefeito da cidade na época. O nome da operação do MPRN é uma
referência ao holerite, documento que pode servir como comprovante de renda
para o funcionário.
Como
as fraudes aconteceram
A
investigação teve início a partir de um ofício encaminhado pelo Banco Central
do Brasil, solicitando apuração da responsabilidade do prefeito de Caraúbas. O
MPRN reuniu uma série de elementos informativos que apontam para a existência
do cometimento de crimes materializados no convênio celebrado entre a Prefeitura
Municipal de Caraúbas e o Banco Gerador S.A em 2013, objetivando a concessão de
empréstimos e financiamentos aos servidores ativos e inativos.
O
pagamento seria realizado mediante desconto em folha das parcelas de empréstimo
pessoal ou financiamento a ser contratado pelos servidores públicos municipais.
À época da negociação, o convênio foi assinado pelo então prefeito Ademar
Ferreira da Silva.
Os
interessados em contrair o empréstimo ou financiamento, mediante desconto em
folha de pagamento, deveriam apresentar cópias do CPF, do RG, comprovante de
residência, além de cópia do contracheque, a fim de que fosse verificada a
margem consignável. A documentação era analisada pelo correspondente, que
colhia a assinatura do interessado em proposta de empréstimo, indicando os
valores da contratação pretendida, taxa de juros praticada, prazo para
pagamento e demais cláusulas contratuais vigentes.
Para
o MPRN, todas as informações prestadas eram averbadas pelo respectivo
secretário municipal, Edson Moraes, que confirmava que os interessados seriam
servidores do Município de Caraúbas e que possuíam margem consignável
suficiente para a contratação do empréstimo.
Confirmadas
as informações e preenchidos os requisitos necessários, os valores eram
creditados na conta dos supostos servidores municipais. O objetivo era que,
posteriormente, fossem realizados os descontos na folha de pagamento dos
respectivos funcionários, a fim de que tais valores fossem repassados ao Banco
Gerador.
Durante
o período de agosto a novembro de 2013, foram firmados 37 empréstimos dessa
natureza na Prefeitura de Caraúbas, sendo liberado nas contas dos interessados
o valor total de R$ 799 mil. De acordo com as informações prestadas pelo Banco
Gerador S.A, os contratos de empréstimos foram integralmente pagos até que, em
meados de agosto de 2013, não houve mais o repasse de valores à instituição
financeira. Segundo apurou o MPRN, dos 37 beneficiários dos empréstimos, nenhum
fazia parte do quadro de servidores públicos do Município de Caraúbas, o que
comprova fortes indícios de fraude entre os envolvidos.
Os
beneficiários do empréstimo não eram servidores públicos, alguns servidores não
tinham margem consignável e foram declaradas profissão ou cargos inexistentes,
supostamente ocupados pelos beneficiários. No curso das investigações, o
Ministério Público procedeu às oitivas de pessoas que constavam como servidores
públicos. Ao terem ciência dos contracheques apresentados, foram unânimes em
afirmar que jamais exerceram qualquer cargo na Prefeitura.
As
provas produzidas demonstraram que nenhum dos beneficiados fazia parte do
quadro de servidores públicos da Prefeitura. “Os contracheques apresentados à
instituição financeira foram falsificados, caracterizando verdadeira fraude na
contratação de empréstimos em vultosas quantias, com o único objetivo de obter
enriquecimento de forma ilícita induzindo a erro o banco credor, causando-lhe
imenso prejuízo”, destaca trecho da ação cautelar ajuizada pelo MPRN.
- G1RN
- G1RN
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente, sua opinião é importante!